Elogio da Sopa

Em 1976, fez parte do Grupo de Trabalho Instalador do Curso de Nutricionismo da Universidade do Porto, que se transformou na atual Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

Paralelamente ao estudo praticou desporto: hóquei em patins na equipa do Centro Universitário do Porto; ténis, no Ermesinde Ténis Club; montanhismo, no Club Nacional de Montanhismo. Integrou, também, o Orfeão Universitário do Porto, experimentou o jornalismo e, quando frequentava o terceiro ano do curso, passou a trabalhar como delegado de informação médica.

O seu apego à cultura levou-o a participar na fundação da Universidade Popular do Porto (UPP), uma associação cultural sem fins lucrativos e de utilidade pública, com Rui Luís Gomes, Óscar Lopes e Armando de Castro, instituição que abriu portas no dia 25 de Junho de 1979, nas comemorações do 30º aniversário da morte de Bento Jesus Caraça.

Esteve igualmente ligado à Fundação Maria isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto de Mesquita Carvalho, instituída após a morte da filha do poeta transmontano. Foi consultor da Enciclopédia Verbo, militante do PCP e vice-presidente da secção Regional da Ordem dos Médicos (1973-1975).

Para além de uma vida cheia, vale a pena ler a sua escrita, misto de ciência, humor e cultura que não deixava ninguém indiferente. Para quem considera a sopa portuguesa um dos nossos expoentes gastronómicos vale a pena ler o “O elogio da Sopa” publicado na Revista Alimentação Humana.

“…Para os estudiosos da nutrição a sopa é exemplo excelente para demonstrar que a soma aritmética dos teores nutricionais dos constituintes de um cozinhado, tomados um a um, de uma tabela de composição de alimentos, não traduz nem explica o valor nutritivo e alimentar deste cozinhado…”

“A nutritiva, biorreguladora, gastronómica e hedonista sopa é comida autêntica, alimentadora, apelativa e aprazível. satisfaz corpo alma.”

“A contrastar, fast-food é alimentação sumária, deglutição de crise, medicamento para matar a fome. Se não fosse a arquitectura, o colorido e a doçura, repugnaria”

Leitura boa, de Verão, que vale a penar sorver e salivar do princípio ao fim. Boas leituras!