Pensar Nutrição e combater a desinformação – um tributo à memória de Emílio Peres
A Escola de Nutrição do Porto herdou uma forma de pensar própria. Pensamos a nutrição sem nunca esquecer os alimentos e as pessoas que os produzem e pensamos também muito sobre aqueles que gostariam de comer melhor, mas que não têm acesso a alimentos de qualidade. Por falta de capacidade económica, por falta de tempo ou de conhecimentos.
Esta capacidade de pensar o mundo através da alimentação é central no pensamento dos nutricionistas da FCNAUP e uma herança dos nossos pais fundadores que em 1976 tiveram a ousadia e a arte de criar a primeira Escola de Nutrição moderna em Portugal, onde se misturou, desde sempre o conhecimento técnico mais profundo com a sensibilidade social e ética hoje consagrada na terceira missão da universidade.
Por isso, quando decidimos criar o primeiro sítio de uma faculdade de nutrição dedicado exclusivamente a refletir sobre o estado da nutrição e alimentação em Portugal, não poderíamos deixar de prestar homenagem a um dos nossos mestres fundadores que pautou a sua ação, ao longo da sua vida académica e profissional, pela divulgação e popularização das ciências das nutrição.
Atualmente este desígnio é cada vez mais necessário. Tanto ou mais do que no passado. Se num passado recente, aquando dos primeiros tempos da FCNAUP, a maior parte da população tinha uma enorme escassez de informação científica sobre o que comer, hoje, a informação é excessiva embora permanecendo, de um modo geral, de muito má qualidade e fazendo ccom que cresça a desinformação e a informação importante permaneça pouco visível e de difícil acesso.
Mudam-se os tempos, permanece a necessidade de divulgar ciência de forma acessível que hoje a internet permite. Mas para além do advento da internet e das redes sociais, outro desafio se coloca. Hoje existem mais de 4000 nutricionistas e muito milhares de profissionais de saúde e não só, interessados no tema e a comunicar diariamente sobre nutrição, difundindo estes conceitos para toda a população. Também estes técnicos de saúde, jornalistas e interessados necessitam de fontes independentes e atualizadas, de pensar e refletir sobre nutrição.
Tarefa que nos propomos fazer, através dos nossos docentes, investigadores e alumni que constituem uma rede de massa crítica única a nível internacional, validados por um Conselho Editorial e Científico que acompanhará a produção dos nossos textos.
Desta forma cumpre-se um desígnio da Universidade, como espaço de cultura, de saúde e de humanidade. Obrigado a todos os académicos envolvidos e leitores que a partir de hoje constituem esta comunidade vibrante de pensamento crítico que tentaremos manter acesa no “Pensar Nutrição”.